Fóssil descoberto por William Nava é prestígio mundial, com publicação na capa da revista científica Nature
O trabalho de pesquisa de campo do paleontólogo mariliense William Nava é destaque nesta semana no artigo principal, de capa, da revista ‘Nature’, uma das principais publicações científicas do mundo, publicada desde 1869. Novos estudos sobre uma de suas descobertas, de 2015, de um fóssil de crânio de um ave pré-histórica, demonstram que a espécie encontrada, batizada de Navaornis hestiae, revela importante estágio evolutivo das aves, se tornando um “elo” entre as espécies primitivas e atuais.
A Nature é uma revista científica semanal que publica artigos, editoriais, notícias e análises sobre temas de interesse geral para cientistas. A revista é considerada uma publicação de referência na comunidade científica e é publicada pela Springer Nature, uma das principais editoras de revistas prestigiadas do mundo.
Com a publicação do artigo, o trabalho científico realizado pelo mariliense ganha destaque internacional e uma referência histórica e científica para a paleontologia. O crânio de um pássaro enantiornite que viveu há aproximadamente 80 milhões de anos atrás, foi encontrado na pedreira do William (William’s Quarry) no Ponto 1 do Sítio Paleontológico ‘José Martin Suárez’, em Presidente Prudente.
O paleontólogo William Nava escava no local desde setembro de 2004, portanto, há 20 anos e as rochas que continham o crânio e parte do esqueleto foram escavadas por Nava num trabalho de campo realizado durante o ano de 2015.
Inicialmente as análises nessas rochas revelaram partes bem preservadas de um pequeno esqueleto de ave e somente em agosto de 2018, avançando na preparação do bloco de arenito no laboratório do Museu de Paleontologia de Marília, que o cientista notou evidências ósseas que poderiam indicar se tratar de um crânio.
“Foi uma grande surpresa, me deparar com ossinhos de morfologia diferente, formando um crânio, contendo inclusive o bico preservado, as órbitas e outras estruturas ósseas, preservado em 3D. Crânios fósseis são muito raros de se encontrar nas rochas sedimentares de idade Cretácea do Brasil, portanto esse achado foi especial” disse Nava.
O nome da espécie estudada tem em seu primeiro termo, Navaornis, uma homenagem ao paleontólogo e diretor do Museu de Paleontologia de Marília e da nação, William Nava, que contribui há 31 anos para o conhecimento da paleontologia brasileira através de seus achados. O epíteto específico hestiae já alude a Héstia, a deusa grega da arquitetura, considerada simultaneamente a mais velha e a mais jovem dos Doze Olimpianos. A espécie descoberta reflete essa dualidade, pois pertence a uma linhagem arcaica, mas sua geometria craniana é essencialmente moderna.
O secretário municipal de Trabalho, Turismo e Desenvolvimento Econômico, Nelson Mora, parabeniza o excelente trabalho de pesquisa que William Nava realiza na paleontologia e destaca que parte de suas descobertas se encontram em exposição no Museu de Paleontologia de Marília. “As descobertas de Nava se tornaram patrimônio de Marília e essa riqueza científica e histórica se tornaram uma atração turística, que atrai milhares de visitantes interessados em conhecer um pouco sobre o período pré-histórico do Brasil”, concluiu o secretário Nelson Mora.
O prefeito de Marília, Daniel Alonso, ressaltou que Marília, por cooperar com um estudo científico de envergadura mundial, mais uma vez, comprova o seu protagonismo em áreas essenciais, como na saúde, na educação, nas artes e no fazer científico. “Estar na capa da Nature, a revista científica mais citada no mundo e a que publicou o artigo científico sobre o genoma humano em 2001, é algo extremamente relevante e que merece ser enaltecido pelas atuais e próximas gerações”.